Sugestões de livros sobre mecânica quântica e física de plasmas a nível de divulgação científica

Recentemente recebi um e-mail perguntando sugestões de livros de divulgação científica sobre mecânica quântica e física dos plasmas.

Sobre mecânica quântica, eu recomendaria os seguintes livros:

Estes livros são sensacionais e ensinam os conceitos básicos da MQ de maneira qualitativa e divertida. Há também uma lista bem legal de livros sugeridos pelo The Guardian.

Livros a nível de divulgação científica sobre física de plasmas são bem mais difíceis de encontrar. Eu recomendaria o livro “Gravity’s fatal attraction: black holes in the universe” dos renomados astrofísicos Mitchell Begelman e Martin Rees, que fala sobre os ambientes mais extremos do universo (que envolvem plasmas) perto dos buracos negros. De fato, eu recomendo este livro aos meus estudantes quando eles começam a aprender sobre o papel dos buracos negros no universo.

Futebol em Marte

O Daniel Lisboa do UOL me escreveu recentemente fazendo uma série de perguntas inusitadas para uma matéria que ele está escrevendo: como seria uma partida de futebol no planeta Marte? Eu achei as perguntas super interessantes e divertidas, e resolvi fazer algumas contas para descobrir como seria jogar uma pelada no planeta vermelho.

As minhas respostas às perguntas do Daniel constam abaixo. A matéria publicada você pode ler no UOL esporte.

Perguntas e respostas sobre futebol em Marte

Numa hipotética chegada do homem à Marte, quais seriam os empecilhos mais evidentes para “jogar uma pelada” por lá?
Marte não é um lugar amigável para os seres humanos. O planeta é muito frio, cheio de desertos e com pouquíssimo oxigênio. Se você aterrizasse com os seus amigos em Marte para jogar uma pelada, o principal problema é que a pressão atmosférica lá é muito menor que aqui na Terra (1%). Se você fosse de bermuda, chinelo e camiseta pra lá, em poucos minutos a sua pele iria se romper, os seus órgãos explodiriam e vocês sofreriam uma more rápida porém dolorosa. Como eu disse acima, Marte é não legal com os seres humanos.
Mas suponhamos que você e os seus companheiros usam um traje protetor de astronauta para jogar a pelada, dotado de um tanque de oxigênio.
Pode-se imaginar alguma maneira de lidar com a falta de gravidade?
A gravidade em Marte é menos da metade da gravidade na Terra (40%). Seria bastante complicado tentar contornar este problema.
Seria um futebol acrobático. Você dificilmente levaria tombos no planeta vermelho. Você conseguiria pular três vezes mais alto por lá. Em outras palavras, um passo dado em Marte rende 3x mais.
O ruim é que seria difícil manter a bola dentro do campo de futebol. Uma bola chutada em Marte alcançaria mais que o dobro da distância da mesma bola chutada na Terra. A baixa resistência do ar em Marte tornaria difícil certas jogadas que bons jogadores usam, por exemplo colocar giro na bola (na física este efeito é chamado de efeito Magnus).
Quais temperaturas os “peladeiros” enfrentariam? Já existe tecnologia (por exemplo, roupas especiais) para lidar com elas?
Fico com frio só de pensar. A temperatura média por lá é de -47 graus centígrados com uma máxima de -5 graus.
Sim, as roupas de astronautas foram projetadas para proteger contra estas baixíssimas temperaturas.
E a bola, iria requerer algum material especial? Uma bola “comum” suportaria as condições marcianas?
Infelizmente as nossas bolas de futebol seriam imprestáveis em Marte. Por quê? Uma bola de futebol normal provavelmente iria se rasgar em Marte, porque ela iria se expandir devido à pressão atmosférica muito mais baixa no planeta vermelho. O tecido da bola não iria aguentar.
Uma maneira de contornar este problema seria criar bolas de futebol feitas com tecidos muito mais resistentes. Estas bolas de futebol — aprovadas pela FIFA marciana — provavelmente seriam mais difíceis de chutar e mudariam completamente a dinâmica do jogo.
Que tipo de terreno os jogadores teriam de enfrentar? Será que dá para jogar bola nele?
A superfície de Marte é um grande deserto, coberto de pedra basáltica com uma camada de areia vermelha. E bastante acidentado, cheio de crateras. Seria difícil achar uma área “limpa” pra jogar uma pelada.
Jogar bola em Marte exigiria mais ou menos preparo fisico do que na Terra? É possível fazer essa comparação?
Um Messi marciano vai ter uma preparação física extremamente diferente de um terráqueo futebolístico e o tipo de jogo também vai ser bem diferente. Vai ser um jogo comparativamente chato em relação ao futebol terráqueo.
Vai ser necessário menos preparação física devido à gravidade reduzida. Como o jogador vai ter que jogar bola com um traje de astronauta que não permite muita agilidade, o jogo vai ser menos ágil, mais lento. A importância do posicionamento e precisão dos passes vai ser muito maior que aqui na Terra.
 Por fim, como astronautas fazem para se manter ativos em longas viagens espaciais? Imagino que eles chegariam em Marte com defasagem muscular, não?
Vão ser necessários muitos exercícios físicos e fisioterapia durante a viagem. Existem aparelhos de ginástica especiais para que os astronautas se mantenham em forma. Por exemplo, esteiras e pesos especiais. Provavelmente vai haver um pouco de defasagem muscular.

Links interessantes sobre o assunto

Football in Mars: a lesson in creative thinking | astrobites

Staying fit in space | NASA

The physics of kicking a soccer ball

Projectile motion app

Comparação entre as propriedades dos planetas Terra e Marte | WolfraAlpha

Leia também sobre conceitos fascinantes do movimento de projéteis: horizontal range, drag force (wikipedia)

Ciência e cerveja

No dia 7 de Outubro eu dei a palestra inaugural no evento Encontros Memoráveis de Ciência e Cerveja em Ribeirão Preto. Falei sobre as diferentes maneiras de morrer com um buraco negro no Bar Cervejarium. Foi uma conversa sobre ciência bastante descontraída — pela primeira vez eu dei uma palestra enquanto “molhava o bico” — e a participação do pessoal foi ótima. Entre um tira-gosto e outro, fomos até os limites do universo e além.

Revista Galileu fez uma ótima matéria sobre o assunto, preparada pelo João Mello BourroulBuracos negros e cerveja: veja como é uma palestra científica em um bar. Vale a pena conferir.

Em breve, o Marcos de Oliveira — o idealizador do evento — vai disponibilizar no youtube o vídeo da palestra, que foi transmitida ao vivo.

Apresentação regada a cerveja e tira-gostos no Bar Cervejarium em Ribeirão Preto. Crédito: João Mello Bourroul | Revista Galileu.
Apresentação regada a cerveja e tira-gostos no Bar Cervejarium em Ribeirão Preto. Crédito: João Mello Bourroul | Revista Galileu.

Virada Científica 2015 na USP

No próximo Sábado nós teremos na USP o maior evento de divulgação científica do ano: Virada Cientifica (clique no link para ver a programação completa). Haverá várias palestras e atividades muito legais.

Sobre astronomia, teremos por exemplo:

§ A ciência do filme Interestelar, 18h na FAU – o filme será exibido no CINUSP às 14h30, com tempo de sobra para quem quiser ver os dois
§ A procura de uma Terra 2.0 e de um Sistema Solar 2.0, 14h no IAG
§ Origens da vida num contexto cósmico, 17h na FAU

Agenda das outras atividades astronômicas (por exemplo, observação do céu, astronomia e gastronomia e outros).

Avise os seus amigo(a)s e colegas interessado(a)s!

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Miriani Pastoriza Prize of the Brazilian Astronomical Society

Last Wednesday, I was very honoured and happy for receiving the Miriani Pastoriza prize of the Brazilian Astronomical Society — our Sociedade Astronômica Brasileira (SAB).

Prof. Pastoriza played a key role in brazilian astronomy. She joined the physics department at UFRGS in 1978 and actually introduced extragalactic astronomy in the south of Brasil. She was one of the few people working on this subject in the country at that time. She has been very active in research in the last forty years and advised a generation of brilliant astronomers including Thaisa Storchi Bergmann, Eduardo Bica and Kepler Oliveira.

I am her scientific grandchild since she was the advisor of my phd advisor, Prof. Storchi Bergmann. I am very honoured for following her footsteps.

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With Ana Chies Santos (UFRGS), Roderik Overzier (ON) and Arianna Cortesi (IAG USP) at the annual meeting of SAB in Ouro Preto
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With Miriani Pastoriza (UFRGS) at the annual meeting of SAB in Ouro Preto
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With Maria de Fátima (UFRGS), Kepler de Oliveira (vice-president of SAB) and Marcos Diaz (president of SAB) at the annual meeting of SAB in Ouro Preto